Se você é fã de velocidade, precisa conhecer a carreira de Michael Schumacher. Considerado um dos maiores pilotos da Fórmula 1, Schumi marcou gerações e construiu recordes impressionantes. Desde seu início na categoria até se tornar heptacampeão mundial.
A infância de Schumacher
Filho de Rolf e Elisabeth, Michael nasceu em Hurth, cidade Alemã de 57 mil habitantes, localizada a 9 km de Colônia. A infância foi ligada ao Kart em Kerpen, a 24 km de Hurth, seu pai administrava o kartódromo. Desde os quatro anos, já demonstrava paixão pelo automobilismo, competindo em seu primeiro kart e conquistando seu primeiro campeonato aos cinco anos, construído pelo pai.
“Foi provavelmente o kart mais barato que já vi. Tinha um motor de 100 cc e meu pai o construiu com peças descartadas por outros membros do clube. Ele teve que cortar o chassi porque era muito longo, mas funcionou”, disse Schumi em entrevista sobre os primeiros passos no Kart.

Schumacher era o membro mais jovem do clube Kerpen Karting. Na foto, ele comemora discretamente o primeiro troféu aos 5 anos. Foto: Arquivo pessoal.
Apesar do talento precoce, os pais de Schumacher, limitados pelas dificuldades financeiras, ensinaram-lhe o valor do pragmatismo, sempre moderando grandes expectativas. O próprio piloto reconhecia carregar um “pessimismo calculado”, consciente de que sua carreira talvez nunca decolasse. A regra em casa era clara para ele e o irmão, Ralf: poderiam aproveitar o kartódromo, desde que fossem bem nos estudos.
Em 1987, iniciou sua trajetória na Fórmula König, conquistando o título logo no primeiro ano. Em seguida, competiu na Fórmula Ford, onde foi vice-campeão. No ano seguinte, chegou à Fórmula 3, terminando em terceiro lugar, um passo firme rumo ao automobilismo internacional.
O retorno à Kerpen

Em 2001, Michael Schumacher voltou a Kerpen e encontrou Hamilton e Rosberg. Foto: divulgação.
Em 2001, recém-coroado tetracampeão da F1, Michael Schumacher participou de uma etapa de kart em Kerpen. O que parecia apenas uma corrida amistosa reuniu nomes que fariam história no automobilismo: entre os adversários estavam um jovem Lewis Hamilton, então com 16 anos e já campeão mundial e europeu de kart, além de Nico Rosberg, outro futuro campeão da Fórmula 1.
O resultado foi curioso: na primeira bateria, Schumacher terminou em oitavo e Hamilton em segundo. Na segunda, o alemão ficou em 15º, enquanto o britânico caiu para 26º. Na terceira, Schumacher rodou e terminou em 25º, contra um sétimo lugar de Hamilton. Já na quarta e última bateria, o tetracampeão mostrou sua força e cruzou em quarto lugar, com Hamilton em sétimo.
Início da carreira de Michael Schumacher na Fórmula 1

Schumacher em sua passagem relâmpago pela Jordan. Foto: IMAGO / Motorsport Images.
A estreia de Michael Schumacher na Fórmula 1 foi marcada por um episódio inesperado. O piloto da Jordan, Bertrand Gachot, foi preso após se envolver em uma briga de trânsito pouco antes do Grande Prêmio da Bélgica, em Spa-Francorchamps. Para convencer a equipe, Willy Weber, empresário de Schumacher, afirmou que o jovem alemão já havia corrido cem vezes no circuito, embora, na realidade, ele jamais tivesse dado uma volta ali.
Naquela corrida, Schumacher teve uma participação relâmpago, mas impressionante. Classificou-se em 7º lugar, e logo na largada saltou para a 4ª posição, mostrando seu talento. Porém, a embreagem não resistiu e o obrigou a abandonar a prova. Flavio Briatore, então diretor da Benetton, enxergou o potencial e dispensou o brasileiro Roberto Moreno para abrir espaço a Schumacher, que passou a dividir a equipe com o tricampeão Nelson Piquet.
Michael Schumacher na Benetton

Schumacher ganhou o primeiro grande prêmio em Spa-Francorchamps. Foto: Getty Images.
Entre 1991 e 1995, Michael Schumacher defendeu a Benetton, período em que conquistou seus dois primeiros títulos mundiais. Logo em sua estreia, chamou atenção ao terminar em quinto lugar, seguido por duas sextas posições consecutivas.
Em 1992, mostrou consistência e encerrou o campeonato em terceiro, três pontos à frente de Ayrton Senna. Nesse mesmo ano, subiu sete vezes ao pódio e conquistou sua primeira vitória na Fórmula 1, curiosamente em Spa-Francorchamps, palco que se tornaria especial em sua carreira, superando Nigel Mansell e Riccardo Patrese.
O ano de 1993 terminou com Schumacher na quarta colocação geral, atrás de Damon Hill, Ayrton Senna e do campeão Alain Prost. Mas foi em 1994 que a história mudou. Apesar da perda trágica de Senna, Schumacher brilhou. Venceu as quatro primeiras corridas, conquistou ainda uma segunda colocação e mais duas vitórias que o levaram ao seu primeiro título mundial.
Em 1995, Schumacher manteve a supremacia e assegurou o bicampeonato, deixando para trás os britânicos David Coulthard e Damon Hill. Com a missão cumprida na Benetton, era chegada a hora de novos desafios.
Michael Schumacher na Ferrari

A Ferrari não conquistava um título mundial desde 1979 antes da contratação de Schumacher. Foto: Getty Images.
Curiosamente, Michael Schumacher não queria ir para a Ferrari. Foi o que revelou seu empresário, Willy Weber, o mesmo que havia inventado a história das “100 corridas” em Spa. Para Schumacher, não fazia sentido deixar a Benetton, equipe onde acabara de conquistar o bicampeonato, para arriscar na Ferrari, que, embora tradicional, vivia um longo jejum: não erguia um título mundial desde 1979.
Mas a proposta era irrecusável. Schumacher se tornaria o piloto mais bem pago da história até então, com cerca de 25 milhões de dólares por ano. Ainda assim, a decisão não se resumia ao dinheiro. O diretor Jean Todt apresentou um projeto de reconstruir a Ferrari em torno de Schumacher, com visão de longo prazo e estrutura dedicada ao sucesso.
O desfecho é conhecido. Schumacher conquistou cinco títulos mundiais consecutivos e somou 72 vitórias com a equipe italiana, escrevendo um dos capítulos mais lendários da Fórmula 1.
A parceria e rivalidade entre Schumacher e Rubinho

Schumacher e Rubinho tiveram uma das parcerias mais vitoriosas da Fórmula 1. Foto: Divulgação.
A relação entre Michael Schumacher e Rubens Barrichello na Ferrari (2000–2005) foi marcada por colaboração e tensão. Enquanto Barrichello esperava igualdade, a equipe priorizava Schumacher como líder absoluto, transformando o brasileiro em escudeiro. Apesar disso, Rubinho teve papel essencial no desenvolvimento do carro e na conquista de cinco títulos de construtores consecutivos.
O ponto mais controverso ocorreu no GP da Áustria de 2002, quando Barrichello, liderando a corrida, recebeu ordens para ceder a vitória a Schumacher, gerando revolta do público e críticas à Ferrari.
Fora das pistas, contudo, prevalecia o respeito. Barrichello já declarou ter reconhecido, com o tempo, o peso de Schumacher na equipe e o próprio papel que desempenhou, refletindo a complexidade de uma das parcerias mais marcantes da Fórmula 1.
O retorno e a aposentadoria definitiva de Schumacher

Schumacher foi um mentor para Rosberg no retorno à F1. Foto: Dhruv George.
Após se aposentar em 2006, Michael Schumacher não conseguiu se afastar das pistas. Como consultor da Ferrari, ainda sentia a adrenalina do automobilismo pulsar. Em 2009, quase voltou a competir quando Felipe Massa sofreu um grave acidente na Hungria. A Ferrari o convocou, mas sequelas no pescoço de um acidente de moto meses antes o impediram de assumir o volante.
Aos 41 anos, em 2010, Schumacher assinou com a Mercedes, que estava em processo de reconstrução. A expectativa era enorme, mas os resultados não se compararam à sua era dourada na Ferrari. Entre 2010 e 2012, não venceu corridas e conquistou apenas um pódio. Ainda assim, sua presença foi decisiva: ajudou a desenvolver o carro e atuou como mentor de Nico Rosberg, mostrando que sua contribuição ia além dos resultados.
Em 2012, no Grande Prêmio do Japão, anunciou sua aposentadoria definitiva. Reconheceu a falta de motivação e de “fogo” para seguir competindo, e declarou que era hora de abrir espaço para a nova geração. Assim, encerrava-se uma das carreiras mais emblemáticas da Fórmula 1.
O acidente e o legado
Em 2013, Michael Schumacher sofreu um grave acidente de esqui que o afastou dos holofotes. Desde então, sua família mantém sigilo sobre sua saúde, enquanto o mundo segue enviando apoio. Mesmo longe das pistas, seu legado permanece. Mais do que números, Schumacher simboliza dedicação, paixão e resiliência, tornando-se inspiração que transcende o automobilismo.